Por vezes as pessoas pensam ou acham que fazer uma regressão ao
passado, é voltar ao momento traumático e sofrer com ele novamente, considerando
que em transe poderão experienciá-lo.
Mas essa é uma ideia deturpada da
realidade e do que de facto acontece numa sessão de Hipnoterapia.
No caso da Regressão de Idade, que é um fenómeno hipnótico
natural, é possível que o paciente volte a um momento traumático no passado, de
forma associada, ou seja, vivenciando a causa do trauma novamente, mas não significa que isso seja sempre necessário.
O essencial é que o paciente durante a sessão, entre em contacto com as
emoções negativas do trauma pela última vez, antes que o hipnoterapeuta o ajude
a ressignificar definitivamente esse momento, essas emoções.
Isto não
significa que uma pessoa que foi abusada sexualmente, tenha obrigatoriamente que
voltar a experienciar o abuso durante a sessão para que o tratamento seja
eficaz.
Mas é fundamental que ela se conecte com o seu “Eu Passado” para
lhe dar a oportunidade, de através de novas crenças e da nova reprogramação
mental, possa quebrar as mazelas psicológicas que tenha sofrido com o abuso de que foi
vitima.
Muitas vezes acontece que quando se está em contacto com os sentimentos
traumáticos sofridos, pode ocorrer naquele momento, reacções emocionais através
do choro, a que chamamos de catarses e que são uma libertação ou purificação
emocional.
No entanto, há vezes em que o paciente não quer ou não consegue
suportar a ideia de vivenciar novamente aqueles sentimentos ligados ao trauma
que sofreu, e nesses casos poderá fazer uma regressão dissociada, onde assume
simplesmente a posição de expectador, observador da situação ou
acontecimento.
Num dos casos que tratei em consultório, um paciente quis fazer uma regressão
para descobrir por que razão tinha ficado com tanto medo de conduzir, depois de
um acidente que teve com o melhor amigo, vinte anos antes. Ele queria entender por
que razão sentia tanta angústia e ansiedade na hora de entrar num carro.
As
memórias que tinha do acidente, do choque frontal que sofreu, assombravam-no apesar que, após o choque, lembrava-se apenas de ver os bombeiros a desencarcerar a ele a ao amigo já sem vida.
Toda esta situação prejudicava a sua vida pessoal e profissional, pois
tinha uma oferta de emprego para um cargo melhor, caso tirasse a carta e já
tinha tentado tirar a carta variadíssimas vezes, mas chumbava sempre no exame,
pois as suas penas ficavam completamente paralisadas, começava a tremer, a
suar, bloqueava na totalidade e o medo apoderava-se de dele, o que o impossibilitava de seguir a vida que desejava.
Começamos pela regressão associada, mas sempre que o direccionava ao
momento do acidente desmaiava e eu tinha que o acordar para poder continuar a
sessão. Ao fim de algumas tentativas, tentámos a
regressão dissociada, onde ele seria apenas um mero expectador, observador
daquele acontecimento fatídico.
A regressão foi um sucesso, inclusive ficámos a perceber que no momento
do choque frontal ele tinha desmaiado, por isso sempre que
tentava ir ao momento do acontecimento de um modo associado, desmaiava.
Fazer a regressão dissociada permitiu-lhe comunicar directamente com o seu “Eu Passado” e reescrever o
acontecimento, reprogramando a memória para reagir emocionalmente de forma
diferente à questão inicial.
Logo a seguir às sessões que fizemos, tirou a carta de condução e começou a conduzir, como se nunca tivesse passado por aquele trauma que condicionava
a sua vida por completo
Susana Bastos
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