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sexta-feira, 13 de outubro de 2017

Hipnoterapia - Regressar ao passado, é voltar ao momento traumático e sofrer com ele novamente?


Por vezes as pessoas pensam ou acham que fazer uma regressão ao passado, é voltar ao momento traumático e sofrer com ele novamente, considerando que em transe poderão experienciá-lo. 

Mas essa é uma ideia deturpada da realidade e do que de facto acontece numa sessão de Hipnoterapia.

No caso da Regressão de Idade, que é um fenómeno hipnótico natural, é possível que o paciente volte a um momento traumático no passado, de forma associada, ou seja, vivenciando a causa do trauma novamente, mas não significa que isso seja sempre necessário.

O essencial é que o paciente durante a sessão, entre em contacto com as emoções negativas do trauma pela última vez, antes que o hipnoterapeuta o ajude a ressignificar definitivamente esse momento, essas emoções. 

Isto não significa que uma pessoa que foi abusada sexualmente, tenha obrigatoriamente que voltar a experienciar o abuso durante a sessão para que o tratamento seja eficaz. 
Mas é fundamental que ela se conecte com o seu “Eu Passado” para lhe dar a oportunidade, de através de novas crenças e da nova reprogramação mental,  possa quebrar as mazelas psicológicas que tenha sofrido com o abuso de que foi vitima.

Muitas vezes acontece que quando se está em contacto com os sentimentos traumáticos sofridos, pode ocorrer naquele momento, reacções emocionais através do choro, a que chamamos de catarses e que são uma libertação ou purificação emocional.

No entanto, há vezes em que o paciente não quer ou não consegue suportar a ideia de vivenciar novamente aqueles sentimentos ligados ao trauma que sofreu, e nesses casos poderá fazer uma regressão dissociada, onde assume simplesmente a posição de expectador, observador da situação ou acontecimento.

Num dos casos que tratei em consultório, um paciente quis fazer uma regressão para descobrir por que razão tinha ficado com tanto medo de conduzir, depois de um acidente que teve com o melhor amigo, vinte anos antes. Ele queria entender por que razão sentia tanta angústia e ansiedade na hora de entrar num carro. 
As memórias que tinha do acidente, do choque frontal que sofreu, assombravam-no apesar que, após o choque, lembrava-se apenas de ver os bombeiros a desencarcerar a ele a ao amigo já sem vida.
Toda esta situação prejudicava a sua vida pessoal e profissional, pois tinha uma oferta de emprego para um cargo melhor, caso tirasse a carta e já tinha tentado tirar a carta variadíssimas vezes, mas chumbava sempre no exame, pois as suas penas ficavam completamente paralisadas, começava a tremer, a suar, bloqueava na totalidade e o medo apoderava-se de dele, o que o impossibilitava de seguir a vida que desejava.

Começamos pela regressão associada, mas sempre que o direccionava ao momento do acidente desmaiava e eu tinha que o acordar para poder continuar a sessão. Ao fim de algumas tentativas, tentámos a regressão dissociada, onde ele seria apenas um mero expectador, observador daquele acontecimento fatídico.

A regressão foi um sucesso, inclusive ficámos a perceber que no momento do choque frontal ele tinha desmaiado, por isso sempre que tentava ir ao momento do acontecimento de um modo associado, desmaiava.


Fazer a regressão dissociada permitiu-lhe comunicar directamente com o seu “Eu Passado” e reescrever o acontecimento, reprogramando a memória para reagir emocionalmente de forma diferente à questão inicial.
Logo a seguir às sessões que fizemos, tirou a carta de condução e começou a conduzir, como se nunca tivesse passado por aquele trauma que condicionava
a sua vida por completo

Susana Bastos

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